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6 de maio de 2011

Piquenique em Londres


Por aqui nós não temos muito este costume do piquenique, temos sempre tempo bom e tempo ruim numa mesma estação. Não corremos pra ver os dias de céu azul e o sol, os pássaros, as flores e as folhas antes que partam. Não nos preocupamos em estar em áreas livres, pois sabemos que estão sempre por perto, que dia bom sempre há de ter, seja inverno ou verão, e que as praças não saem do lugar e verde sempre estão. E assim vamos passando enquadrados em nossas casas muradas. Mas quando vamos pra Europa ficamos encantados em redescobrir como é bom estar nos parques, se sentar num banco para comer, fazer piqueniques ao menos sinal de sol. Eu senti isto, você deve ter sentido se viajou por lá (ou mesmo aqui em Porto Alegre) e achei divertido ler a respeito do assunto na crônica de hoje do André Laurentino, no Caderno Divirta-se do jornal O Estado de S. Paulo, que está morando em Londres.  Reproduzo aqui um trecho, autorizado pelo autor. O texto completo, você não pode deixar de ler. Está no blog dele, Caderno de Vidro: www.andrelaurentino.blogspot.com


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Em certos dias me pego pensando se faria em São Paulo tal ou tal coisa que faço aqui. Como um piquenique no parque, por exemplo. Vejamos nossa listinha paulistana: tem parque? Tem. Tem comida? Tem. Tem céu azul e pensamentos banais de “nossa, como o verde dá um respiro, gente”? Tem. Então por que vivi 18 anos aí sem fazer piquenique?

As respostas mais se parecem com desculpas. O metrô daqui é mais prático (mas aí tem táxi — já que estacionar carro no Ibira em fim de semana bonito é pior que descer para praia em fim de semana bonito). Você fica mais despreocupado com as crianças no Hyde Park (claro, claro: se elas se perderem todo mundo em Londres vai entender português, principalmente o chorado). Ah, mas os cookies, as geléias, os mil tipos de iogurte que existem aqui (tem troco: pão de queijo, paçoquinha, requeijão. Tudo bem que a palavra “requeijão” desanima qualquer ideia de piquenique e imagens de farofa vem à mente. Ok, sai o requeijão).

E a resposta certa logo aparece. Quem mudou não foi a cidade. Foi a lista de coisas que você faria. Passear a pé é programa em qualquer lugar do mundo. Assim como andar de patinete, ir a museu ou ficar mais perto dos filhos. Piquenique então, nem se fala. Tudo isso Londres nos deu, além de outras coisas que nem podíamos imaginar. Mas as melhores foram as que já estavam aqui dentro, e a nova cidade só teve o trabalho de desembrulhar.

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Trecho da crônica "New me", de André Laurentino, publicada no guia Divirta-se, do Estadão, em 06 de maio de 2011. Veja o texto completo no blog do André,  Caderno de Vidro.  


Veja fotos do último piquenique, aqui

2 comentários:

  1. Ao ler este texto e principalmente ao ver as fotos senti uma falta enorme de sentar em um belo gramado em uma roda apenas para conversar ou mesmo para me deliciar em um belo piquenique...
    Morei um ano em Paris onde isso é bem comum....Tem dois anos que voltei e desde então nem mesmo parei em uma praça...

    Estranho, não? Vivemos em um país em que o sol está constantemente nos iluminando, onde o verde está em toda parte e não paramos para aproveitar esse presente de Deus.

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  2. Oi, me chamo Janaína e estou procurando um lugar onde possa comprar cestas de piquenique aqui em Porto Alegre, será que você pode me ajudar?Pretendo iniciar o hábito de fazer piqueniques e quero uma cesta bem linda.

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