neste último piquenique – e em outro já houve a discussão – alguém comentou que a palavra certa para o evento, em português, seria convescote. cá entre nós, uma palavra muito da esquisita. fui lá no houaiss e descobri que a tal palavra foi forjada por Antonio de Castro Lopes, filólogo brasileiro do século XIX. ele juntou duas palavras: convívio, que eu não preciso explicar, e escote, que é “a parte que cada um deve pagar de uma despesa comum”. como a gente nunca usa a tal palavra “escote”, convescote ficou parecendo o nome de algum bicho estranho de um mar distante.
já piquenique todo mundo entende: vamos comer ao ar livre, improvisadamente. cada um traz o que tem e partilha. e quando o sol está quentinho e a grama não está encharcada, uau... não precisa de mais nada.
estes piqueniques perto de casa têm sido muito gostosos. no começo, nós, aqui de casa, cabíamos numa cesta de piquenique com tampa, do tipo zé colméia. mas é tanta coisa para levar – toalha, lugar para sentar, água de beber, garrafa com café, garrafa com suco, canequinha, copo, vinho, pão, tortinhas, empadinhas, bolo, manteiga, geléia e outros etcéteras que se alternam a cada dia – que no terceiro piquenique já inauguramos um carrinho de feira de piqueniques. até uma caixa de sedex usei para que as tortinhas chegassem embaladas e quentinhas...
um desafio que tenho me colocado é o que levar para que as crianças também se alimentem. enquanto elas correm pela praça, pulam, andam de bicicleta, brincam de bola, de pintar, de pular corda, de subir em árvore, os adultos (com uma ou outra exceção) ficam lagarteando ao sol, comendo gostosuras, trocando receitas, lendo, conversando. a gente sai sem nem pensar em almoço. mas as crianças gastam energia e não comem tanto assim.
algumas vezes, a fátima já levou sanduíches prontos, pão de forma e recheio. ela quase pediu desculpas por não ter feito o pão, mas disse: eu mesma montei os sanduíches! (parecia até que havia algum fiscal detectando a origem dos alimentos...) e os tais sanduíches foram um sucesso entre pequenos e grandes. pãezinhos de queijo e biscoitos de polvilho também fazem sucesso. mas acho que para o próximo, mais que tortinhas de maçã, experimentarei levar pequenos bolinhos – os muffins da neide são tão fáceis de fazer, podem ser uma boa opção. ou levar mais biscoitos feitos em casa, doces e salgados.
aos poucos, estes deliciosos “piqueniques de convescote” vão pedindo diferentes cardápios: café da manhã para calor ou frio, comidinhas gostosas para alimentar crianças, comidinhas boas para alimentar adultos e despertar alegrias, comidas em formatos que permitam a divisão do que sobra. e também sucos, chás, cafés, kefires batidos, vinhos.
as sugestões são bem-vindas, por escrito ou diretamente trazidas na sacola. porque um piquenique prepara o próximo que prepara o próximo que prepara. e a gente vai tecendo um fio de convívios e escotes, que nasce da praça e vai se enredando por aí.
veronika, prometo que também vou pensar nas crianças no próximo piquenique. obrigada pela explicação sobre convescote (em Cxb pra te imitar).
ResponderExcluirbeijos, n