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3 de novembro de 2011

Gobô com ervas finas



Por Eduardo Izumino 

Gobô ou bardana é uma raiz muito comum na comida dos nipo-brasileiros. Aqui em São Paulo é relativamente fácil de encontrar nas feiras, em alguns supermercados e, claro, nas mercearias do bairro da Liberdade. Também é relativamente possível encontrar o gobô já pronto, em uma espécie de saladinha/conserva, em companhia de cenoura e sementes de gergelim. Ele também recheia makisuhis e outros tipos de sushi. Acompanha ainda aqueles obentôs comprados prontos. Quando chegou a hora de pensar no que levar ao piquenique, o maço de gobô comprado no varejão do Ceasa pela pechincha de R$3,00 foi a salvação

Minha mãe, que eu me lembre, prepara o gobô apenas cozido e temperado com molho shoyu, ou então no tempurá. Também lembro dela já ter feito com carne, com frango, nos bolinhos de legume, no mazegohan, yakimeshi... Meu palpite é que o único cuidado é cozinhar o gobô mais ou menos 20 a 30 minutos, para ficar ‘al dente’ mas também macio o suficiente. Pensando melhor, há outros cuidados sim: deve-se ter alguma paciência para descascar e cortar as raízes e, dependendo da variedade do gobô, ele pode deixar seus dedos manchados por algumas horas.

A receita, mesmo, foi cortar o gobô descascado em tirinhas transversais, cozinhar os citados minutos, escorrer e refogar com azeite de oliva, uns dois dentes de alho picados, uma colher de chá de sal, uma colher de chá de gengibre picado ou ralado. Quando tudo estava bem quente, uma colher de sopa de mirin (saquê de ‘cozinhar’). Depois de desligado o fogo, acrescentei salsinha e cebolinha picada bem fininha – as tais “ervas finas”, ora, menos de origem que de forma. O resultado, quando chegou no piquenique, foi um gobô mezzo japa mezzo Alto da Lapa, que foi servido frio nas saladinhas mas eu, por exemplo, comi com pão. Claro que quem quiser tentar pode temperar como quiser. Tradicionalmente, como o que se come nos restaurantes, leva óleo de gergelim, shoyu, mirin, açúcar, e gengibre, além das sementes de gergelim.

Reza a lenda (lenda reza? perguntaria meu filho...) que além de muito gostoso o gobô tem propriedades afrodisíacas, entre outros usos. Parece não haver comprovação científica dos efeitos libidinosos, entretanto. Mas, a favor da lenda, podemos perguntar qual a comprovação científica do cineminha, jantarzinho...

Um comentário:

  1. Adorei mesmo este Blog. Nos faz felizes em viver em uma cidade tão grande e descobrir seres humanos especiais. Eu adoro Gobô e na Medicina Tradicional Chinesa ele é considerado Tõnico -dá energia, melhora o sangue (vai dai que pode mesmo ter efeitos amorosos).

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